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IrmĂŁs enfrentam dĂvidas e a doença do pai com uma ideia extrema: criar conteĂşdo adulto juntas. Entre limites e desejo, a linha do proibido começa a borrar.
CapĂtulo 6
Voltar para casa e encontrá-la ali, sentada no sofá, completamente aérea, fez meu peito apertar. Juliette estava encolhida, abraçando os próprios joelhos, os olhos fixos em mim, como se esperasse que eu tivesse a solução para tudo. A luz fraca da sala lançava sombras em seu rosto cansado, e mesmo sem dizer nada, eu sabia que sua cabeça fervilhava de preocupações.
O silêncio se arrastou entre nós. Ela deveria estar ao vivo naquele momento, mas, pelas roupas – um short folgado e um moletom largo –, era óbvio que sequer tinha começado a transmissão.
— Você não vai fazer live hoje? — perguntei, sentando ao lado dela.
Juliette desviou o olhar, mordendo o canto da boca como sempre fazia quando tentava esconder a ansiedade.
— Não tô com cabeça pra isso. — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — Essa situação do pai… sei lá, tá me deixando nervosa.
Meu peito se apertou ainda mais. Era raro ver minha irmĂŁ assim. Normalmente, Juliette se blindava contra os problemas, enfrentava tudo com aquele jeito despreocupado de quem sempre tinha uma saĂda. Mas agora, ela parecia perdida.
— Ele vai ficar bem — tentei tranquilizá-la, colocando uma mão sobre sua perna. — A gente vai dar um jeito nisso.
Ela soltou um riso fraco, sem humor, e sacudiu a cabeça.
— Como, Ju? A gente não tem dinheiro. Como vamos conseguir bancar o tratamento?
Engoli seco. Essa era a pergunta que eu tentava evitar desde que recebi a ligação da tia naquela tarde. Olhei para o computador sobre a mesa, a tela apagada refletindo nossa imagem.
— Vamos ter que fazer isso dar certo.
Juliette seguiu meu olhar e franziu o cenho.
— O site?
Assenti.
— Por enquanto, ainda temos os cartões de crédito dele e a tia disse que pode ajudar com uns dez mil. Mas isso não cobre tudo. O resto…
Ela me encarou por alguns segundos, os olhos fixos nos meus, esperando, talvez, que eu oferecesse alguma solução mágica para o que estávamos vivendo. Mas não havia solução fácil.
Então, soltou um longo suspiro e deixou o corpo cair para trás no sofá, afundando nele como se carregasse todo o peso do mundo nos ombros.
— Isso é uma merda…
Eu nĂŁo podia discordar. Era uma merda. Mas era a nossa realidade.
Juliette fechou os olhos por um instante, a testa franzida, a boca ligeiramente apertada. Seus dedos tamborilavam contra a coxa nua, num ritmo impaciente, inquieto. Quando voltou a me encarar, havia algo diferente em seu olhar.
— A gente vai fazer juntas?
Minha respiração falhou por um segundo.
— Sim.
Não sei por que respondi tão rápido. Talvez porque, no fundo, já tivesse tomado essa decisão antes mesmo de dizer em voz alta.
Juliette se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, o olhar cravado em mim.
— Se nós duas entrássemos nisso de verdade… Criássemos um conteúdo foda… daria grana. Muita grana. Mas você vai ter coragem?
Engoli seco. Eu queria dizer que sim. Que já estava pronta. Mas a verdade é que…
— Não sei ainda… — murmurei, hesitante.
Minha cabeça ainda estava uma bagunça. O cansaço do hospital pesava em meu corpo, e a tensão daquele dia parecia presa aos meus ossos. Precisava sair daquela conversa, nem que fosse por alguns minutos.
— Vou tomar um banho. Vem pro banheiro comigo, a gente conversa lá.
Juliette apenas assentiu com a cabeça, mas continuou no sofá, observando enquanto eu seguia para o banheiro.
Minhas roupas estavam impregnadas com o cheiro do hospital, um cheiro de éter, gente doente, que grudava na pele como um lembrete do meu pau todo ferrado em uma cama de hospital. Tirei peça por peça e as joguei dentro de um saco separado. A última coisa que precisávamos agora era trazer qualquer doença para dentro de casa.
Sentei no vaso para fazer xixi quando Juliette entrou pela porta sem cerimônia. Já estávamos acostumadas com essa intimidade forçada – morar juntas em um apartamento pequeno nos deixava sem muita opção de privacidade.
Ela encostou na pia, cruzando os braços, e me olhou de canto, mordendo o lábio de leve, como sempre fazia quando sabia que ia falar algo polêmico.
— Falei com a Patricia. Ela me deu uma estratégia… mas você não vai gostar nem um pouco.
Eu soltei um suspiro cansado, terminando de me limpar antes de me levantar.
— Meu medo é você gostar, Juju…
Ela riu baixo, sem negar. Eu liguei o chuveiro e entrei debaixo da água quente, sentindo o calor aliviar um pouco a tensão nos músculos. Fechei os olhos por um momento, deixando que a água levasse o cansaço acumulado do hospital.
Seria tĂŁo mais fácil se tivĂ©ssemos um namorado ou um marido que ajudasse nesses momentos. Mas nĂŁo. Sempre fomos sĂł nĂłs duas. Bonitas, sim, mas sem sorte no amor. Talvez exigĂssemos demais, ou talvez os caras que cruzavam nosso caminho fossem simplesmente… insuficientes.
Juliette se sentou na beira da banheira, tamborilando os dedos contra o azulejo frio.
— Cara, eu não sou nenhuma pervertida, tá?
Abri os olhos e ergui uma sobrancelha, já sabendo que vinha bomba.
— O que ela falou? Desembucha logo — perguntei, ensaboando os braços.
Ela hesitou por um segundo antes de continuar.
— Ela disse que a gente pode fazer umas coisas…
— Que coisas? Fala logo, Juju.
Ela umedeceu os lábios, como se escolhesse as palavras com cuidado.
— Se beijar… por exemplo.
Eu franzi o cenho, pensando.
— AtĂ© aĂ, tudo bem. Mais o quĂŞ?
— Se masturbar juntas.
O sabĂŁo escorreu pelo meu corpo enquanto eu processava aquilo. Me masturbar com minha irmĂŁ no mesmo ambiente… ok, já dividimos o quarto a vida toda, já nos pegamos no flagra em momentos Ăntimos algumas vezes. Isso nĂŁo era tĂŁo absurdo.
— Isso dá pra encarar… — murmurei, pensativa. — Mas não é só isso, né?
Juliette negou lentamente com a cabeça.
— Não…
— O que mais?
Ela respirou fundo antes de soltar de uma vez:
— Masturbar uma à outra.
A água quente já não parecia tão relaxante.
Me virei para ela, sentindo o coração acelerar.
— Isso seria transar, Juju.
Ela me olhou séria.
— Tem gente que paga pra ver irmãs transando… e paga muito.
Passei a mão molhada pelo rosto, tentando absorver aquela informação.
— Meu Deus… o mundo tá louco demais. — Minha voz saiu abafada pelo vapor quente do banheiro. — E você tá de boa com isso?
Juliette deu de ombros, apoiando-se contra a pia.
— De boa, de boa, eu nĂŁo tô… — disse, pensativa. — Mas se der realmente dinheiro… tem tambĂ©m a opção de transar com outras pessoas, gravar vĂdeos e vender packs na internet.
Eu passei as mĂŁos molhadas pelo rosto, tentando absorver tudo de uma vez.
— E o que a gente precisa fazer primeiro?
— Podemos começar com lives, sĂł pra criar nome e vender packs. Tipo peitinho e bundinha pra gerar expectativa… Depois, quando tivermos bastante gente assistindo, a gente parte pro outro nĂvel.
Senti meu estômago revirar. Aquilo estava indo rápido demais.
— Eu não sei se tenho coragem nem de te beijar desse jeito, Juju.
Ela soltou um riso curto, já esperando essa resposta.
— Pensei nisso. Termina seu banho e vem pro quarto.
E entĂŁo, sem esperar mais nada, saiu e me deixou ali sozinha.
Fechei o chuveiro, sentindo a pele arrepiar com o choque térmico. Peguei a toalha e comecei a me secar, mas minha mente continuava girando em torno daquela conversa.
O pensamento era simples. Eu precisava entender o quĂŁo ruim poderia ser fazer coisas com a minha prĂłpria irmĂŁ.
E se eu imaginasse que era outra pessoa?
Mas como, se Ă©ramos idĂŞnticas?
E pior, eu nem lésbica era. Nunca fui uma pessoa muito sexual, enquanto minha irmã… minha irmã era uma piranha de marca maior. Juliette sempre teve uma liberdade absurda com o próprio corpo, nunca se importou com os julgamentos. Era como se o mundo inteiro existisse só para assistir aos seus caprichos.
Eu era diferente. Sempre fui.
Mas, no fim, nada disso importava. A coisa ia começar agora.
Assim que eu pusesse o pé naquele quarto.