Capítulo 1
Para começar a contar minhas experiências, primeiro é preciso entender que ser mulher e ter um grande apetite sexual são coisas quase incompatíveis, qualquer simples manifestação pública disso, você logo recebe um rótulo desagradável. Eu sempre vivi sob as regras sociais para não ser excluída, meu maior medo é a solidão e eu nunca quis tê-la como companheira. Tudo mudou depois de um relacionamento conturbado que eu tive, e claro, eu pretendendo contar aqui futuramente. Acho que para começar é tradicional que eu conte como foi a minha primeira vez…
A coisa aconteceu por volta dos meus dezesseis anos, à época eu era uma menina comum, nunca fui envergonhada com as coisas. Ficava com meninos em festas ou depois da escola, dava uns amassos, mas sempre tudo de forma muito comportada. Nunca colocaram mão por debaixo da minha roupa, nunca deixei que pegassem nos meus peitos, no máximo era uma mão na bunda por cima do jeans. E não que eu não quisesse ir além, eu só não pensava muito nisso e não me sentia preparada, não tinha alguém que eu era apaixonada e confiasse, queria que fosse especial e mesmo que tivesse todas as opções anteriores, eu não teria um lugar para fazer.
Eu tinha uns peguetes fixos, um deles virou meio que um namorado, mas como ele só queria jogar bola, fui eu quem o colocou de escanteio. E tinha um amigo meu, o Jão, ele cresceu comigo praticamente, estudamos do jardim de infância até a adolescência. Eu nunca tive o menor interesse nele, ele era um grande amigo e só. Mas tudo começou nessa conversa, sentados na varanda da minha casa em um domingo de tarde.
— Vê, me bateu uma neurose muito bizarra aqui… — disse ele pensativo.
— Não vai começar com a maconha de novo né? — falei tentando fazer ele parar.
Ele dizia que queria fazer filosofia pois ele gostava de refletir sobre as coisas. Às vezes surgia umas ideias na mente e ele ficava obsessivo falando delas tecendo teorias conspiratórias e buscando qualquer solução para as possibilidades. Em resumo, ele era muito maconheiro.
— Então, já imaginou se a gente morre virgem?
— Mas aí não faz diferença, se você morrer acaba tudo, mané!
— É muito triste uma pessoa deixar essa vida sem sentir o prazer de ter uma relação com quem ama!
— Triste é criança morrer amigo! O resto que se foda! — falei de forma grosseira
— Que escrota você é!
Essa conversa foi bem maior que isso. Nossos debates eram muito acirrados sobre qualquer assunto, eu quase sempre achava que as questões levantadas por ele eram bobas, mas a gente brigava e se divertia por horas. Nisso, da varando onde estávamos sentados ouvimos sua mãe buzinando de carro do lado de fora.
— Já vou! — gritou ele.
— Não esquece tuas coisas no meu quarto de novo! — lembrei o esquecido.
Ele entrou, se despediu dos meus pais, passou como um foguete por mim e cruzou o portão para fora.
— Até segunda! — gritou já entrando no carro.
— Beijo, Beijo tia! — gritei para os ocupantes do carro.
Entrei na minha casa e fui para meu quarto para deixar as coisas preparadas para a escola na segunda, até que eu vi em cima da mesa de canto, um notebook esquecido que estava aberto ali, ele havia saído correndo e esqueceu o computador. Peguei meu telefone para enviar uma mensagem.
— Mané, seu computador ficou na minha casa.
— Poxa Vê, desliga e bota carregar, amanhã eu pego contigo na escola, pode ser?
Não seria a primeira vez. Jão sempre esquecia algo na minha casa e eu tinha que levar para ele no dia seguinte. Eu conectei o cabo e pus ele na minha cama onde tinha uma tomada próxima e foi então que o diabo me atentou, “O quê esse doido fica olhando na internet?” — pensei comigo. A senha dele eu sabia, já tinha usado aquele computador uma dezena de vezes.
Comecei pelo histórico e favoritos. Tinha uns sites de pornografia, não tinha nada doentio e nem exagerado, parecia que os atores que ele mais gostava eram os que eu havia recomendado para ele. Eram um casal amador que eu gostava muito e sempre que eu queria bater uma eu dava uma olhadinha para me animar. “Imagina eu ali no meio, até a mulher eu pegava!” — era o que eu sempre pensava. Eu nunca fui muito siririqueira nem tão pouco gostava muito de ver pornô, eu sempre achei tudo muito exagerado e forçado, mas pelo visto meu amigo maratonava! E não, eu sei que eu falei ali de pegar a mulher mas eu não gosto nem um pouco. Passo longe das caminhoneiras que cruzam o meu caminho.
Já estava satisfeita com a minha busca, eu não precisava olhar as mensagens de rede social dele porque ele me contava tudo, eu meio que sabia quase tudo da vida dele. Aí eu me lembrei de olhar os arquivos recentes. E eu tomei um susto enorme que me deixou alarmada! Eu vi uma foto minha nos arquivos recentes, era uma foto minha de biquini, mas era normal, inclusive estava no meu instagram! Eu segui até a pasta para ver o quê tinha mais e fiquei muito assustada, tinha umas quarenta e poucas fotos minhas lá! Nenhuma era provocativa ou pelada, em geral eram fotos de redes sociais ou fotos que eu fazia em grupo, mas eu fiquei imaginando o motivo dele ter selecionado essas fotos específicas e claro porque diabos que ele tinha fotos minhas no computador dele.
“Se eu perguntar sobre isso para ele, o quê ele vai responder?”. Eu não sabia o quê pensar, eu acho que ele nunca seria capaz de querer o meu mal. Mas aí eu comecei a reparar alguns padrões, em todas elas eu estava com algo mais à mostra, ou era um vestido mais sexy, uma foto na praia, um decote mais ousado, coisas assim. “Será que ele tem tesão em mim?”. Ele nunca tinha mostrado nenhum interesse anteriormente, eu nem lembro dele me olhando para onde não devia e olha que eu não tinha muito modos, ele se cansou de me ver com roupas de dormir ou biquini. Eu fiquei muito encucada naquilo. Meu maior medo era ele estar apaixonado por mim, ele era meu amigo e isso seria um problemão.