Roberta tenta curtir a noite, mas sua boceta falante, Valentina, não cala a boca! Entre vestidos curtos e safadeza, tudo pode e vai dar errado.
Capítulo 6
Fazia meses que eu tinha comprado um vestido daqueles da China, sabe? Barato, lindo, mas quando chegou… óbvio que não cabia em mim. Eu não sou uma bonequinha de porcelana, eu tenho curvas, raba, peito – um corpão de verdade! Mas o vestido era lindo demais pra ficar jogado no armário. Então, entrei num esquema de academia, fechei a boca e consegui perder uns quilinhos. E hoje era o grande dia!
A empresa tava organizando uma festa beneficente, e eu já tinha planejado minha entrada triunfal naquele vestidinho maravilhoso. Fiz produção completa: cabelo, maquiagem, até cílio postiço de respeito! Eu queria estar deslumbrante, daquelas que fazem até ex arrependido mandar mensagem de “Oi, sumida”.
Mas, como vocês sabem muito bem, além dos problemas normais que toda mulher tem com roupa, eu ainda tinha que lidar com a Valentina. E, claro, que essa bocuda não ia perder a chance de me atormentar bem no dia que finalmente tava pronta pra festa.
Então, ela começou.
— Tá tudo muito bonito, mas eu sou obrigada a te lembrar que tu tá sem calcinha?
Suspirei.
— É um vestido colado, Valentina. Calcinha ia marcar.
— E daí? Tu prefere que todo mundo veja minhas beiças balançando a cada passo?
— Exagero. Não dá pra ver nada.
— É, eu tou vendo os seus saltos, Roberta! E são meio altos demais, hein!
Revirei os olhos e continuei me arrumando. O salto alto alongava minhas pernas, o cabelo solto dava aquele ar de “não fiz muito esforço”, mas todo mundo sabe que fiz sim. Eu tava impecável. Nada podia dar errado.
Valentina, claro, discordava.
— Se abaixa aí rapidinho pra pegar aquele brinco no chão.
— Por quê?
— Só pra ver se o Senhor Cu também vai dar oi pra plateia.
— Cala a boca, não me enche, tá? Quer fazer sua última piada?
— Não, mas…
— Poxa, Valentina! Mas o quê? — respondi já frustrada!
— Boceta pega COVID? Porque eu nunca saí sem máscara.
Eu revirei os olhos, mas tive que rir, mesmo tentando disfarçar.
Saí de casa e pedi um Uber. Ir de moto tava fora de cogitação – primeiro porque eu não ia conseguir nem subir na bicha com esse vestido apertado, segundo porque, se conseguisse, meu rabo ia ficar todo à mostra e, terceiro… eu provavelmente ia cair no meio do caminho depois de gozar com a vibração da moto direto nas minhas pernas sem calcinha. Então, como eu queria fazer uma chegada apoteótica, meti um Uber Black. Nada como um carrão chique pra combinar com a minha vibe de mulher fatal da noite.
Quando o carro chegou, entrei com a postura de madame, cruzei as pernas e me ajeitei no banco de couro.
— Esse banco tá gelado, hein? Sabe quantos cu sujos tão esfregando em mim agora?
Fechei os olhos e inspirei fundo.
— Por favor, fica quieta. Só tem eu e o motorista aqui, ele vai me dar uma estrela achando que eu sou doida.
— Tá bem! Mas olha que merda, babei no couro enquanto tava falando! Quando você levantar, ele vai ver o rastro de lesma que tu deixou!
— Valentina, não tem como você estar encostando no banco, sossega. Eu sei sentar ainda.
— Sei lá, hein… esse vestidinho tá mais curto que tua paciência comigo.
Engoli um riso e ajeitei a postura. O motorista, coitado, nem imaginava o nível de caos que tava rolando dentro do meu vestido.
Chegamos ao evento, direito a desembarque no tapete vermelho e tudo, tive claro que sair de pernas coladas e minha bolsa me tampando mas ocorreu tudo bem, ninguém parecia muito interessado em mim. A festa era lindissima, pessoas elegantes e bem vestidas com tacinhas de champagne nas mãos, procurei minha mesa que tinha o meu nome reservado e me sentei um pouco para conversar com minhas amigas que já estavam ali.
— Senta direito, caralho! Se abrir demais, eu viro atração principal dessa festa! Se enfia mais embaixo da mesa!
Passei a noite toda paranoica. Qualquer movimento que eu fazia, Valentina tinha um comentário.
Minhas amigas fofocavam animadas, caçando suas vítimas da noite, e claro que eu também tava no jogo.
— Amiga, você viu aquele deus ali no bar? — minha amiga comentou, apontando discretamente pra um cara lindo, alto, ombros largos, cara de quem sabe fazer estrago.
Antes que eu pudesse responder, Valentina se meteu:
— Melhor chamar ele aqui. Faz tua cara normal de piranha que ele vem, parecendo com uma você já tá!
Revirei os olhos e ignorei.
— Por que eu não posso ir lá, Valentina?
— Com esse vestido? Um passo em falso e ele já vai ver o menu inteiro do que tem pra comer.
Mordi o lábio, tentando disfarçar o riso. Acenei para as meninas positivamente e criei coragem para atacar o carinha do bar. Cada passo o vestido subia, não tinha mesmo como evitar. Mas, lá fui eu rebolativa e pouco acostumada com esse tipo de roupa.
— Roberta! Roberta?
— Eu tou ficando cremosa, tá sentindo?
— Sim, não fica por favor.
— Vai parecer que passou graxa e vai ficar tudo deslizando, imagina se escorre, eu sou do tipo que escorre.
— Então não escorra, se começar eu vou no banheiro e coloco um OB em você!
— Não me ameaça!
— Você estava bonitinha em casa, se controla e para de babar!
— Minha filha, é você que está com tesão nele! Eu só reajo!
Cheguei ao bar, dando um risinho pro carinha e pedi um drink por barman que rapidamente me entregou e eu bebi esperando o carinha vir falar comigo. Valentina bufava de indignação.
— Transforma isso numa arma de sedução.
— Que porra de arma de sedução, Valentina?!
— O gostoso tá te olhando desde que tu chegou. Tá de pau duraço.
Virei o rosto discretamente e, puta que pariu, Valentina tava certa. O cara tinha aquela cara de safado que eu adorava. Um olhar de quem sabia exatamente o que fazer com uma mulher, um meio sorriso de canto que dizia “eu já te comi com os olhos e tô só esperando o momento certo”. E o pior? Ele tava vindo na minha direção.
Suspirei.
— Você não presta.
— Eu sei. Agora faz valer a pena esse vestido sem calcinha.
Ele parecia saído de um catálogo de homem gostoso, todo trabalhado num black tie sob medida, ombros largos, barba bem-feita e um andar que exalava confiança. Eu respirei fundo pra não corar feito uma adolescente e, principalmente, pra não parecer desesperada pra sentar no colo dele.
— Ele vai querer te comer, com certeza.
— Você inventa coisas, tu nem ouviu ele falando.
— Mulher, eu sou literalmente a parte do seu corpo que mais sente tesão, eu SEI quando tem alguém comendo a gente com os olhos!
E então, ele chegou.
— Oi!
— Oiii!
— Oooiiiiiieee!
Valentina quase explodiu.
— MAS É MUITO PIRANHA!
Eu podia sentir ela se debatendo dentro de mim, já desesperada. E aí veio o pior.
— Roberta, corre. Não olha pra baixo. NÃO OLHA PRA BAIXO!
— Por quê?
— SE AQUILO NÃO FOR UMA MEIA DENTRO DA CALÇA, TU TÁ MUITO FUDIDA! CORRE, MULHER!
Mas eu já tinha olhado. E meu Deus do céu. Se aquilo era uma meia, o homem tava escondendo um meião de futebol, o par!
O carinha ficou conversando comigo, mas rapidamente eu percebi que ele não era do tipo de pessoas boa para se conversar, o que ele tinha de bonito ele tinha de idiota, era casado, tinha uma aliança no dedo e mentiu descaradamente sobre isso.
— PERGUNTA O TAMANHO DO PAU DELE!
— Cala a boca, cacete!
— Eu só quero informações antes de tu tomar decisões erradas!
Suspirei, tentando manter a compostura enquanto o homem me olhava com aquele sorriso safado. Mas aí, vi a maldita aliança no dedo dele.
— Ele é casado, eu não quero.
— Ah, esqueci, agora você gosta de mulheres.
— Para com isso, Valentina! Ainda essa história? Eu só gosto de ver uns vídeos, nada mais!
— Mas se fosse uma mulher com aliança no dedo tu ia, né, sapatona?
Parei, dei um gole no meu drink, e pensei.
— Talvez.
— AAAAAAAAAA! EU SABIA!
Revirei os olhos e virei as costas. Homem casado, realmente, não dá. Mas eu não ia perder a noite por causa disso. Hora de procurar outra vítima.